domingo, 30 de setembro de 2012

Candidatos que não tem nome.

Por MARCO ROSSI.

Uma das bizzarices mais chamativas, no horário político, na tv e no rádio, é que uma parte expressiva dos candidatos não possui nome próprio. Ora como assim?

Pois bem, reflexo de um mundo cada vez mais despolitizado e personalizado, a política dos candidatos é a essência da não política seu em robusto e clássico pouco sentido sentido. Como não há muitos personagens cuja à atuação política não possa se universalizar, sobram privatismos. Fulano da Farmácia, Beltrano do Bairro X, Cicrano da Rodoviária, Moça do Sindicato, Rapaz do Torneio de Truco e por ai vai, pra baixo, pro buraco.

Essa impressionante invasão na política por personagens de histórias  particulares, nada públicas, miseravelmente não universais, destaca quanto a política mesma vem perdendo progressivamente a sua essência, a sua dignidade. Ainda que sejamos obrigados a constatar que os candidatos e os futuros eleitos devam vir de algum lugar, é ainda mais imperativo que saibamos reconhecer que não conseguem escapar do seus espaços de origem.

O resultado é que no caso do vereador, num possível mandato conquistado nas urnas, o trabalho não alcança a cidade. Nem discurso, nem prática, jamais  rompem os muros da farmácia, da rodoviária, do sindicato, da escola que foram ouvidos e vistos, pela primeira vez.

Por não se universalizar a política dos personagens privados flerta mais com o fisiologismo e acena, com as duas mãos para a corrupção e a ineficiência. Um representante político pode a ser até professor, metalúrgico, médico, jornalista, operário ou ruralista.

Mas ele não pode existir por isso e para isso. Existir no particular, atuar no coletivo, refletir no universal, pensando fazendo, desdobrando até o limite não definido da ação humana. Sim, esse é o caso da boa política. 

Quem vota em alguém, que transforma o sobrenome ou nome próprio, ou lugar ou uma história particular, nunca terá uma cidade maior do que isso, nem uma política descente. 
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Comentário de Marco Rossi, de 26/09/2012, transcrito da coluna diária CBN Cidadânia, na Rádio CBN Londrina.

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