domingo, 1 de julho de 2012

Excelente debate sobre a inundação do lago igapó!

 Hoje, de manhã, ouvi o debate na CBN Londrina, que tinha como tema os alagamentos no lago Igapó. Estava presente o ambientalista João das Águas, um representante da secretaria estadual de meio ambiente e um professor da Universidade Estadual de Londrina.  Tal diálogo foi muito produtivo e gostaria de apresentar alguns pontos pertinentes neste espaço:



O lago Igapó, popularmente, é conhecido por ter divisões de 4 partes e tem vários afluentes, sendo que o principal é o ribeirão Cambé. 


O Igapó 3 e 4 são os que estão com o maior nível de assoreamento (obstrução da correnteza) porém tem pouco volume de água pois, tem poucos ribeiros que desembocam ali. Já o Igapó 2 e 1 tem mais afluentes e assim mais água. Existe assoreamento neles, mas bem menor do que os primeiros citados.

Logo fica evidente que o assoreamento do lago não foi o problema que causou a inundação, assim, não seria a solução fazer obras para diminuir a obstrução das águas.  Além disso, nem sempre lixo causa o assoreamento, por isso deveria ter um estudo mais aprofundado, antes de anunciar aquele serviço.

Os problemas apontados pelos especialistas foram, basicamente 2: escoamento e impermeabilização.

 O escoamento da água do Igapó 1 e 2, em que toda a água acumulada, no lago e dos afluentes, passam pela barragem  num espaço total de 25 metros e vai para um bueiro de pequena vazão. Nos dias de chuva intensa, tal escoamento não dá conta e invade a pista da Rua Almeida Garret.


A impermeabilização já um problema mais complexo. Observem a figura adiante:


Imaginemos uma chuva neste local. Por razões lógicas, a água que cair do lado do rio irá em instantes chegar ao afluente.  Ao contrário da água que cai nos picos das montanhas, estas demorará algum tempo para entrar no rio. 

Com este movimento o rio aumenta de volume, mas aos poucos, e assim evita o trasbordamento dele e sua inundação na superfície vizinha.

No caso da maioria das cidades, a água não toca diretamente solo natural, ela chega aos asfaltos e tubulações feitos para escoar água das chuvas. Logo, em pontos de vale, que é o caso do Igapó a água trazida da chuva chega muito mais rápido ao afluente.

Como o lago tem um limite para o recebimento de água, como os rios também não suportam tanto volume de líquido, transbordam e causam os alagamentos que já ocorreram duas vezes.


Soluções possíveis.

Até os anos noventa se investiam em políticas para desassoreamento de rios e a criação de piscinões para acumular o excesso de água quando há muita chuva.  

Mas esta política se alterou e se volta para tentar o máximo possível que a água penetre no solo e possa seguir seu curso mais lento até algum afluente. Para isso é fundamental a compreensão da população sobre a importância deste ciclo.

Pois com a educação preventiva facilita e muito a concretização de políticas públicas, como por exemplo:

a)     Obras  – Já existe a lei de obras do município que prevê que 20% das áreas que se faça uma construção, não devem ser obstruídas com concreto, deve ter plantas, gramas, arvores e etc. Certamente é espaço suficiente para a penetração da água da chuva.

b)      Calçada verde- parte de uma calçada deve ser livre de concreto para água siga pelo solo e não pelos bueiros. Normalmente se tem mais resistência esta reforma, principalmente pela sujeira que pode causar, porém é possível usar plantas e gramas, alem do que se todos pensarem desta forma, a situação vai melhorar em passos de tartaruga.

Além da fiscalização e da conscientização para evitar maus costumes que são mais do que banais, como por exemplo, pensar que as galerias pluviais das cidades são esgoto.  Bueiros, bocas de lobo não foram projetados para receber qualquer tipo de lixo, desde cigarro, latinhas, comida, ou mesmo folhas de árvores.


Tem de ser ressaltado que o estado não possui fiscalização suficiente para verificar infrações o tempo todo, aí é fundamental a participação da sociedade civil e a imprensa, para levar os fatos.

Enfim, não se trata de um bicho de 7 cabeças, pode ser resolvido de forma simples, mas depende e muito do apoio da sociedade civil, pois caso contrário certamente os casos de alagamento irão piorar.

 É esse o melhor caminho a ser seguido e não ficar tentando apagar incêndio declarando estado de emergência e pedir dinheiro para o governo federal.

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