domingo, 6 de maio de 2012

Reflexões sobre os subornos I

Antes de postar a minha opinião, gostaria de transcrever na integra o cometário do professor de ciência política Marco Rossi, feito na segunda feira, dia 30/04/2012, na sua coluna, CBN Cidadania.

Excelente comentário, que concordo plenamente.
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Foi lamentável acompanhar o noticiário sobre a tentativa de suborno, na Câmara Municipal de Londrina, na semana passada.

Em sentido expresso, suborno significa compara alguém para prática de atos ilícitos. A simples existência de Suborno já denota que há algo a esconder, há coisa errada por encontrar.

Por trás da compra de sujeitos decaídos, tem temas mais profundos, raízes que ajudam entender um pouco mais um momento tão deplorável, que vive a política londrinense.

Antes de mais nada, eu volto a insistir na fragilidade partidária e na qualidade muito questionável de nossa representação parlamentar. Os partidos, no limite, são meras legendas, associações de velhos interesses privados e privatistas.

No que se refere aos novos representantes, vale lembrar o sociólogo alemão Max Weber, para o qual a boa política é aquela que se pratica com vocação, ou seja, uma paixão que põe acima de tudo, um interesse coletivo e os pontos que alcem a qualidade de vida das pessoas.

Entre nós, quem estaria de fato imbuído desta vocação? Quando olho a câmara, fico a imaginar como o mestre Weber, decepcionaria-se profundamente com o tipo de não política que se faz hoje em dia.

O suborno que estimula o mundo da corrupção, para a sociedade a crença do vale-tudo, dando a entender o que importa é dinheiro e vantagem, também acelera a corrosão do caráter, o drama humano que resulta em inúmeros tipos de carência e desespero.

É tão dramática a situação que um vereador que faz o que todos deveriam fazer, negar o suborno e denunciar os agentes, ao negar-se a ilicitude vira herói. Aquilo que deveria ser sinal de caráter e honradez, um traço comum aos sujeitos públicos, transforma-se de tão raro em super poder.

Em essência, não é o vereador honesto que deve ser exaltado, são os desonestos que precisam ser lembrados de suas obrigações morais.

A política, mais do que nunca, precisa de anti-heróis, sujeitos que nadam contra a corrente sem desejar vantagens pessoais, esforçando tão somente de provar que o erro não é regra, que existem outros caminhos.

Um político assim não precisam de super poderes, precisa de vergonha na cara.

Marco A. Rossi.
CBN Cidadania, disponível em < http://www.cbnlondrina.com.br/player-materia/vergonha-na-cara >

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