Parecia que estava próxima a redenção – pelo
menos eleitoral – do belinatismo em Londrina. Doze anos depois da cassação de
Antonio Belinati (PP), oito depois da derrota no segundo turno de 2004, o grupo
do polêmico ex-prefeito parecia estar perto de fazer uma transição geracional
com sucesso. A retomada da Prefeitura pelo grupo parecia inevitável e
irreversível: em 2008, Belinati ganhou o segundo turno pessoalmente e o
terceiro turno apoiando Barbosa Neto (PDT) – como todos sabem, dois dias depois
da vitória daquele ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro
da candidatura do então prefeito eleito.
A votação de Beto
Richa (PSDB) em 2010, com mais de 70% dos votos válidos parecia ser o prenúncio
de uma vitória da qual ninguém duvidava neste ano. A engenharia política para
isso estava pronta: Richa enquadrou o PSDB de Londrina e levou-o para uma aliança
até então impensável com o belinatismo – a leitura era de que a soma dos votos
belinatistas com os votos tucanos levaria a uma vitória certa.
Mas o que parecia
improvável aconteceu. Ainda é cedo para dizer se o resultado que saiu das urnas
ontem é uma pá de cal definitiva no belinatismo. Marcelo Belinati recebeu
138.049 votos, pouco menos que os 138.926 recebidos pelo seu tio há quatro
anos. A diferença é que o eleitorado londrinense na época era formado por
341.908 eleitores – ante os 360.058 de hoje. Se em 2008 os 138 mil votos
representaram 51% dos votos válidos, em 2012 eles representaram 49,47% e não
foram suficientes para garantir a vitória.
Se seguir o mesmo
rumo que tomou o malufismo em São Paulo, com as votações caindo a cada eleição,
a ponto de Paulo Maluf não conseguir mais chegar a um segundo turno, o
belinatismo tende a se desidratar nos próximos anos, inviabilizando
candidaturas majoritárias. Não significaria ainda uma morte política
definitiva, já que o grupo conseguiu, neste ano, fazer o vereador mais votado e
ainda tem cacife para eleger pelo menos deputado estadual.
A resposta sobre o
futuro do belinatismo está nas mãos da gestão Alexandre Kireeff (PSD). Se ele
for bem, a tendência é de fragilização do grupo a médio prazo. Basta lembrar
que o caminho para a quase redenção do belinatismo foi pavimentado pela má
gestão de Nedson Micheleti (PT), no seu segundo mandato (2005-2008).
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